A questão sobre o
número de degraus de separação nas redes sociais atuais nasce a partir das
perguntas, deixadas por responder, do trabalho matemático "Contacts and Influences" do matemático Manfred Kochen e do cientista
político Ithiel de Sola Pool, realizado na Universidade de Paris, no início da
década de 50. Tais perguntas despertaram o interesse de Stanley Milgram,
psicólogo social, levando-o a realizar, em 1967, as experiências publicadas, e
fortemente publicitadas, na revista Psychology
Today sob o artigo “The Small World
Problem”.
Milgram procurava, através desta experiência,
descobrir mais sobre a probabilidade de duas quaisquer pessoas se conhecerem.
Decidiu criar linhas de correspondência entre indivíduos “aleatoriamente” selecionados
e um indivíduo alvo. O propósito de tais linhas seria a transmissão de uma carta
sob a regra de apenas ser enviada a alguém que o emissor tratasse pelo primeiro
nome. O emissor era também instruído a passar a carta a quem achasse que teria
mais chance de a fazer chegar ao destinatário intendido com sucesso. Surge
então o primeiro problema com esta experiência, a possível falha de
conhecimento probabilístico dos emissores em relação à melhor escolha possível,
de entre os seus amigos, poderá gerar casos onde a carta será enviada pelo
caminho mais longo, abrindo a possibilidade de sobrestimação dos valores
obtidos, consequencialmente subindo a média do comprimento das linhas. Para a
realização da experiência foram escolhidos indivíduos das cidades de Omaha e Wichita,
pela sua distância cultural e geográfica do alvo em Boston. No entanto, a
aleatoriedade destes indivíduos é questionável, pois o seu método de seleção,
um anúncio requisitando pessoas que se considerassem bem conectadas, favorece o
voluntariado de um tipo de personalidade.
Aquando da chegada das cartas ao destinatário
procedia-se à contagem do número de intermediários que haviam contribuído para
aquela linha de correspondência. As medições variavam desde uma ou duas trocas
até linhas onde haviam sido necessários nove e dez paços. O cálculo da média
dos resultados obtidos aproximava-se de 6, nascendo a base para este conceito
de “6 graus de separação”.
Noto
outro problema fundamental com esta experiência no facto de 232 das 296 cartas
enviadas nunca terem chegado ao destinatário intendido por razões como a
simples falha de cooperação de um elemento, possibilitando a sub-representação
de linhas de correspondência maiores pelo simples aumento, proporcional com o
aumento do número de paços, da probabilidade de encontro de um (possível)
intermediário que se recuse a cooperar com a experiência.
Sem comentários:
Enviar um comentário